Reflexões sobre produção musical e tecnologia da informação

Estive relendo, com grande entusiasmo, o trabalho “Produção de música com as novas tecnologias de informação e comunicação”, de Clóvis Ricardo M. de Lima e Rose Marie Santini, no qual os autores explicam, entre outras coisas, que o músico com as novas tecnologias de informação e comunicação tem suas composições envolvidas em um processo dinâmico, de constante atualização — uma sensação que o artista com home studio que divulga suas composições no Soundcloud ou Deezer, por exemplo, já deve ter experimentado —, e, havendo ainda a chance de suas obras póstumas serem modificadas por essas tecnologias, a criação da música já não é mais apenas reservada ao músico, mas a engenheiros, informáticos e matemáticos (cujas teorias são aplicadas na construção das estações de trabalho de áudio digitais).
Uma visão interessante, se bem que obras póstumas modificadas por esses profissionais através da tecnologia da informação terão, as mais das vezes, tendência a um caráter menos artístico do que meramente comercial, a não ser que conheçam os fundamentos da música e, mais do que isso, comprometam-se a perceber a música como transmissora de valores culturais legítimos, o que nem sempre ocorre na indústria.
As referências no trabalho a Theodor Adorno e Foucault dão indicações a respeito do contexto atual da produção da música dentro de um quadro sócio-cultural maior, mas isso vai além do que eu posso compreender no presente momento, por não ter conhecimento aprofundado das visões a respeito da música na sociedade moderna que esses autores trouxeram. Li o artigo “O Fetichismo na música e a regressão da audição”, de Adorno, e tive a percepção imediata do conhecimento abrangente que ele tem da evolução (termo que não necessariamente significa “melhora”, como se nota pelo próprio título do artigo) da música e, paralelamente, da tecnologia nas diversas sociedades e culturas, o qual não pode ser absorvido sem mais um bom tempo de estudo.
Espero poder chegar a um grau de maturidade que possibilite, em uma pós ou mestrado, investigar esse tema com uma compreensão superior.

Publicado originalmente em 30 de dezembro de 2017 no Facebook.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *